terça-feira, 26 de junho de 2012

Do Japão à Coréia do Sul



O fascínio da minha geração (nascidos entre o final dos anos 80 e o início dos anos 90) pela cultura asiática começou com o Japão, graças a seus famosos desenhos chamados de anime. Desenhos como Cavaleiros do Zoodíaco e Sailor Moon marcaram época e, mesmo as crianças que posteriormente criaram um preconceito com relação aos animes, eram fãs inveterados das duas séries. Com o sucesso crescente dos animes ao longo dos anos, o Japão conseguiu, com sucesso, expandir sua influência no ocidente. Hoje o preconceito em relação a mangás e animes diminuiu e eles são vistos como produtos normais no mercado.             Conforme a minha geração cresceu, ela se dividiu em 2 grupos: os que gostavam de animes (otakus) e aqueles que abandonaram os animes e praticavam bullying contra aqueles que gostavam. Infelizmente, a realidade da época - cheia de preconceitos contra tudo que vinha do oriente - era essa. Gostar de anime era sinônimo de ser retardado. Hoje essa realidade já mudou um pouco, embora ainda haja esse dualismo. Mas o que importa nessa análise é o que aconteceu com o primeiro grupo ao longo dos anos.    Graças aos animes, o jpop (pop japonês) adentrou as casas de todos esses jovens e fez muito sucesso entre eles. Vale ressaltar que um dos artistas de jpop que fez muito sucesso entre os jovens foi a cantora BoA, que muitos nem sabiam mas é na verdade coreana, embora também cantasse em japonês. Sim, o início da hallyu wave (processo de expansão da cultura coreana) no Japão. Com o tempo, no entanto, a maior parte dessa geração começou a trocar os animes pelos live actions e filmes com pessoas de carne e osso. Não é que eles tenham parado de gostar de animes, mas apenas procuraram produtos novos no mercado que tivessem algo de diferente a oferecer. Digamos que já estavam entediados com os animes. Graças ao tédio dos otakus, em pouco tempo os jdramas, novelas japonesas, também viraram febre entre os antigos fãs de animes. Neste ponto, temos novamente uma dicotomia. Formam-se então 2 grupos: aqueles que continuaram fiéis à cultura japonesa e os que migraram para a cultura de outros países asiáticos. É interessante perceber que muitos migraram diretamente da cultura japonesa pra coreana, mas apenas há no máximo 4 anos, pois foi nessa época que a Coréia do Sul começou a exportar efetivamente sua cultura para o ocidente. Nesse meio tempo, muitos, como eu, migraram para a cultura de Taiwan e passaram a assistir aos twdramas. A diferença de qualidade e atuação entre jdramas e twdramas era notável, com estes sendo superiores àqueles. Os dramas taiwaneses viraram a nova febre dos ex-otakus, mas as músicas não fizeram tanto sucesso e não conseguiram conquistar o público dos dramas (exceto por mim e mais alguns gatos pingados que adoramos música taiwanesa).     
Novamente, o tempo leva ao ostracismo e os então fãs de dramas taiwaneses conheceram os kdramas (dramas coreanos).  O primeiro kdrama a que assisti foi Goong e, embora eu tenha adorado, não foi o suficiente para me fazer mudar definitivamente para kdramas. Mas uma coisa era fato! Se a qualidade cinematográfica dos twdramas era superior a dos jdramas, a qualidade das superproduções conhecidas como kdramas era incomparável. E, aos poucos, o público migrou para kdramas e a cultura coreana, seja aquele que continuava fiel aos japoneses ou aquele que migrou para os taiwaneses. E me arrisco a dizer que a cultura coreana chegou para ficar, pois os únicos países asiáticos com estrutura para concorrer com a Coréia do Sul são Japão e Taiwan. Muitos perguntarão: e a China, a futura nova potência mundial? A China, realmente, produz filmes excelentes, mas isso não se reflete em seus dramas que não chegam nem perto da qualidade cinematográfica e de atuação das produções coreanas. E não acredito que algum dia eles revertam essa situação, até porque não parece haver um real interesse na produção de dramas. Quanto à Coréia do Sul, não apenas suas séries conquistaram o público, mas também suas músicas. Na verdade, o kpop conseguiu conquistar mais fãs do que os kdramas e muitas pessoas que são fãs de kpop nem mesmo assistem a kdramas. Com músicas que agradam a todos os gostos, como baladas, pop “cute”, pop eletrônico, pop-rock e até mesmo pop-indie, o kpop conquista um público cada vez maior. São milhões de pessoas pelo mundo que idolatram os artistas coreanos e é claro que a indústria de entrenimento sul-coreana está aproveitando a oportunidade e levando seus artistas para fazer shows por todos os continentes. Eu, particularmente, espero que o kpop faça cada vez mais sucesso e que, um dia, eu tenha o prazer de ver SNSD e CNBlue fazendo shows no Rio, afinal já passei da fase de só gostar do que é underground, embora ainda só goste de coisas que a maioria não gosta, como música clássica, metal, pop europeu e pop asiático.                               
 Assim como tudo no mundo, os gostos das pessoas evoluem, lembrando, antes que alguém reclame, que evoluir não significa melhorar ou piorar, mas apenas uma mudança ao longo do tempo. E foi assim que o público que começou como fã de anime evoluiu para o público que idolatra cantores coreanos. Foi um processo que durou mais de 10 anos que na idade geológica não significa nada, mas na indústria do entretenimento pode ser considerado um longo tempo. Agora resta esperar e ver se a Coréia do Sul realmente chegou para ficar.

                   AKB48 (japonês)                                                     SNSD (coreano)

4 comentários:

Vandarte disse...

Eu posso não ter evoluído?

Natani disse...

Pode! LOL

Matheus disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Matheus disse...

concordo inteiramente e vale ressaltar que o jpop não conquistou o público mundial devido a ele ser voltado para o mercado interno(AKB48 oi) mas que com o sucesso do kpop essa situação está mudando pois um joga para o outro, afinal, kpop cantado em japonês vira jpop, e finalmente, que esse evolução continue nos tornando melhor e quebrando os preconceitos existentes na nossa cultura para com a ásia. E essa é para religiosos de plantão, Cristo é asiático, então nada de xingar a ásia antes de saber ok?

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